As contribuições vieram de 112 pessoas oriundas de onze estados brasileiros diferentes (inclusive de lugares geograficamente distantes do Agreste pernambucano, como Amazonas, Tocantins e Rio Grande do Sul). Agora que a meta inicial foi batida e já está garantido um valor para translado, hospedagem e alimentação da equipe cênica, a página vai continuar aberta durante os oito dias previstos.
"A atriz e sua equipe tinham se oferecido para vir de graça, por entender que esta era uma questão política essencial. Mas é mais que merecido que recebam um cachê. Além disso, há custos extras em relação à apresentação", adianta Joesile.
Segundo ele, o espetáculo não precisa de muitos recursos cenográficos, mas será necessário contratar serviços de logística e de segurança, já que a peça tem sido alvo de inúmeras expressões de intolerância. "Estamos printando e guardando ameaças que vêm sendo proferidas nas redes sociais, para tomar providências legais se for necessário", destaca. Alguns exemplos podem ser vistos na galeria desta matéria, e contêm palavras de baixo calão e de transfobia.
O grupo vem realizando visitas técnicas a vários espaços em Garanhuns, mas por enquanto prefere não divulgar onde o evento vai acontecer por temer retaliações. "O movimento tem sido muito bonito. Algumas pessoas chegaram a oferecer suas próprias casas para sediar o evento, mas a ideia é encontrar um local mais amplo, até porque a demanda será grande", adianta.
Paralelamente à movimentação, artistas vêm se mobilizando para definir que posição devem tomar em relação ao que consideram um ato de censura. Alguns devem protestar, outros pregam o boicote. Nesta terça-feira (3), o ator Cláudio Ferrário utilizou as redes sociais para anunciar que "como cidadão e artista, diante da censura, da truculência, do conservadorismo e da misoginia" do governo estadual, resolveu desistir de participar da leitura do romance "Bernarda Soledade", de Raimundo Carrero.
"Como aceitar que um espetáculo licitado e aprovado para participar de um festival seja, simplesmente, retirado de cena por conta de arroubos de falsos censores da moralidade?", indaga Cláudio, para quem "ir a Garanhuns seria compactuar com tudo isso".
Já o também ator Rodrigo Dourado é contra a ideia do boicote. "Boicote pela metade não é boicote, é 'limpeza'. Imagina se nós, de teatro, abandonarmos a programação. Imagina se os artistas LGBTs do festival abandonarem a mostra. Que alegria seria para as mesmas pessoas que censuraram o 'Evangelho' ter um FIG higienizado, sem teatro e sem LGBTs", critica.